Dados mostram fragilidade da aplicação da LAI no governo federal, 10 anos após a sanção da regra

Análise da Transparência Brasil mostra que, em 2019 e 2020, as respostas negativas do governo federal a pedidos de informação chegaram ao segundo maior nível histórico. Nesses dois anos, a taxa ficou em 9%, igual à registrada em 2012 e abaixo apenas dos 12% registrados em 2013 e 2014. O lançamento do material marca o aniversário de 10 anos da sanção da Lei de Acesso a Informação (LAI).

O estudo usou bases disponibilizadas pelo próprio governo federal com dados de demandas apresentadas por meio do Fala.br relativos ao período de maio de 2012 a setembro de 2021. Foram desconsiderados os pedidos classificados como “não se trata de solicitação de informação” e “pergunta duplicada/repetida”.

Veja a íntegra do relatório “10 anos de LAI: atendimento em risco”

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Em artigo, TB avalia os efeitos da pandemia sobre o risco de corrupção no Brasil

A Transparência Brasil, em parceria com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), realizou uma análise sobre o impacto da pandemia sobre os riscos de corrupção no Brasil. O artigo foi publicado no último 18.ago.2021 pelo Center for International Private Enterprise (CIPE), como parte do estudo de caso “Covid-19 and corruption in Latin America: the Pandemic’s Impact on Corruption Risks in Mexico, Brazil, and Argentina”.

A flexibilização das regras para licitações e contratos relacionados à contenção da pandemia no país por meio da Lei 13.979/2020 é o ponto central do texto, assinado por Bianca Berti, analista de transparência e integridade na TB, Laís Oliva e Renata Comin, do IBGC. Ver post completo “Em artigo, TB avalia os efeitos da pandemia sobre o risco de corrupção no Brasil”

Nota Técnica sobre o substitutivo que promove a improbidade administrativa

É um insulto à moralidade e ao combate à corrupção que o parecer e o substitutivo do relator Carlos Zarattini (PT-SP) sobre o PL 10.887/2018, que altera a Lei de Improbidade Administrativa (LIA), tenham sido protocolados apenas hoje, 15 de junho de 2021, sem debates. Insulto agravado pelo requerimento de urgência, já aprovado, para que a matéria seja votada no dia seguinte em plenário. Adicionando insulto à injúria, como se diz, é um texto que efetivamente destrói a LIA. Esta nota técnica tem por objetivo demonstrar os principais retrocessos do texto sobre nepotismo, violações à Lei de Acesso a Informação, suspensão de direitos políticos e impunidade. Ver post completo “Nota Técnica sobre o substitutivo que promove a improbidade administrativa”

Artigo: Matrioska de desvios

Revelado pelo Estadão no último domingo (9.mai.2021), o “orçamento secreto” (ou “tratoraço”, ou ainda “Bolsolão”) de R$ 3 bilhões criado pelo governo Bolsonaro apresenta, uma vez confirmado, camadas distintas de corrupção. É como uma matrioska de desvios.

Segundo a reportagem, o Executivo federal liberou esse montante do orçamento federal de 2020 para parlamentares em troca de apoio. Os congressistas puderam indicar onde e em que o dinheiro, que pertence ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), deveria ser gasto. As indicações foram incluídas como “emendas do relator [ao Orçamento]”, cuja execução não é obrigatória e, segundo reportagem da Folha de S.Paulo, são um recurso “rateado entre vários congressistas a depender dos acordos políticos firmados”. Ver post completo “Artigo: Matrioska de desvios”

PL anticrime avança no combate à corrupção?

Neste mês de fevereiro, o governo brasileiro apresentou o seu projeto anticrime ao Congresso. A medida figura como uma das 35 prioridades para os 100 primeiros dias da nova gestão.

Um dos objetivos do pacote é o combate à corrupção, temática a partir da qual fazemos aqui um balanço do pacote. Para a Transparência Brasil, apesar de apresentar pontos positivos, o pacote notadamente se omite quanto a medidas fundamentais para o combate à corrupção.

O foco das medidas apresentadas pelo ministro Sérgio Moro é a tentativa de reduzir a impunidade, que é uma causa importante de haver tanta corrupção no Brasil. No entanto, ao se limitar a um caráter essencialmente punitivista, o pacote deixa de atacar as principais causas da corrupção no Brasil.

Medidas como reforma dos Tribunais de Contas (TCs), a limitação do loteamento político de órgãos públicos, assim como a implementação da obrigatoriedade de avaliação de custo-benefício de políticas públicas deveriam entrar no rol de medidas prioritárias do governo. Sem essas medidas, dificilmente veremos avanço substancial no combate à corrupção.

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Programas dos presidenciáveis trazem poucas propostas para combate à corrupção

Por Manoel Galdino, Hugo Salustiano, Carol Oliveira

Tema prioritário no debate nacional, o combate à corrupção é bastante presente nos programas dos principais candidatos à presidência, com a palavra “corrupção” aparecendo diretamente 43 vezes. No entanto, os programas dos presidenciáveis são recheados de menções genéricas e vagas ao seu combate, sem muitas propostas concretas sobre o que realmente pode ser melhorado, como mostra um levantamento realizado pela Transparência Brasil com base nos programas dos cinco presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas.

A Transparência Brasil, que tem mais de 18 anos de história de combate à corrupção, fez uma análise dos programas dos cinco presidenciáveis mais bem colocados nas pesquisas: Jair Bolsonaro (PSL), Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede).

Para isso, listamos 16 medidas que deveriam ser adotadas pelos candidatos para um efetivo combate à corrupção. Dentre elas, somente cinco foram mencionados integralmente por pelo menos um dos candidatos em seus programas. Temas considerados essenciais como a reforma dos órgãos de controle e Tribunais de Contas, assim como o aprimoramento da Lei de Acesso à Informação e da Lei de Dados Pessoais, foram pouco citados pelos presidenciáveis, como mostramos no quadro abaixo (clique para ver em tamanho maior).

A única proposta da Transparência Brasil que foi mencionada de forma mais detalhada por todos os candidatos foi a melhoria de gestão da informação e integração de bases de dados entre órgãos. O fortalecimento da sociedade civil, sobretudo por meio de conselhos de participação, foi o segundo tópico mais citado por todos os candidatos, mas somente dois (Ciro Gomes e Fernando Haddad) especificaram suas propostas sobre o tema.

A falta de propostas é perceptível no próprio texto dos programas. Órgãos de controle e fiscalização, que poderiam colocar em prática as propostas de combate à corrupção, são pouco lembrados: a Controladoria Geral da União (CGU), por exemplo, aparece somente uma vez nos programas dos cinco candidatos. A transparência, que pode ajudar na fiscalização e controle social do poder público, aparece 29 vezes, mas na maioria delas acompanhada por propostas genéricas, como “aumento da transparência” — sem especificar o que será efetivamente feito para tal. A Lei de Acesso à Informação só é mencionada uma vez, no programa da candidata Marina Silva (Rede).

O que é preciso para combater a corrupção no Brasil?

A Transparência Brasil divide o combate à corrupção em quatro eixos:

  • Prevenção
  • Controle Interno
  • Controle Externo
  • Controle Social

A prevenção envolve reformas institucionais que diminuam as janelas de oportunidade para que a corrupção aconteça. O controle interno, grosso modo, é voltado para ações do próprio Executivo para coibir atos de corrupção. O Controle externo envolvem órgãos fora do Executivo, como Congresso, tribunais de contas e Ministérios Públicos. E o controle social é a sociedade fiscalizando o poder público.

Uma agenda de combate à corrupção deve listar propostas que promovam melhorias nos quatro eixos. Ao listar propostas específicas, a Transparência Brasil ajuda o eleitor brasileiro a conhecer o que concretamente poderia ser feito em cada eixo.

As propostas dos presidenciáveis

Além da análise pela ótica das medidas defendidas pela Transparência Brasil, também analisamos os programas dos candidatos para encontrar as propostas práticas feitas por eles – estejam ou não dentro das 16 medidas que apresentamos anteriormente.

Assim como na análise anterior, percebemos que o controle externo (como fortalecimento dos Tribunais de Contas) foi o tema menos mencionado. E nos demais eixos, há no máximo menções genéricas, com poucas propostas específicas. Em resumo, temos muita retórica anti-corrupção, e poucas propostas concretas.

Veja abaixo as propostas contidas nos programas de cada candidato (clique nas imagens para ver em tamanho maior).