A lista de vencedores do Prêmio Cadeado de Chumbo 2025 já está no ar. Organizado pelo Fórum de Direito de Acesso a Informações Públicas, que a Transparência Brasil integra, e pela Rede pela Transparência e Participação Social (RETPS), o prêmio destaca — sem nenhuma honra — órgãos públicos que dificultam ou inviabilizam o acesso à informação no Brasil.
A premiação chama atenção para práticas recorrentes contrárias à Lei de Acesso à Informação (LAI) – mesmo depois de 13 anos de sua entrada em vigor – e os princípios da transparência pública. Entre elas estão respostas vagas, negativas sem justificativa, pedidos que circulam sem fim entre instâncias diferentes ou simplesmente são ignorados.
O processo contou com a participação do público na votação final, após uma fase de triagem e análise das indicações recebidas de todo o país. Abaixo, apresentamos os grandes campeões de 2025.
Passa ou repassa
Quando o pedido de informação fica circulando entre diferentes órgãos, sem resposta efetiva
- Prefeitura de São Sebastião (SP), vencedor automático (único indicado)
E o vento levou
Quando o órgão diz que a informação sumiu, não existe ou não está sob sua responsabilidade
- Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF), vencedor com 57,1% dos votos
- Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Lero-lero
Quando o órgão responde com informações vagas, genéricas ou que não correspondem ao que foi solicitado
- Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SP), vencedora com 44% dos votos
- Prefeitura Municipal de Osasco (SP)
- Gabinete do Prefeito e Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte S/A – Prodabel (MG)
Disco riscado
Quando o órgão insiste na mesma justificativa, independentemente do conteúdo dos pedidos ou recursos
- Câmara Municipal de Pinhais (PR), vencedora com 58,3% dos votos
- Prefeitura de São Sebastião (SP), duas indicações
Não fale conosco
Quando o órgão simplesmente não responde ao pedido de informação
- Câmara de Vereadores de Salvador (BA), vencedora com 39,3% dos votos
- Prefeitura de Pedra Branca (CE)
- Prefeitura Municipal de Tabocas do Brejo Velho (BA)
- Prefeitura de Goiânia (GO)
Contorcionistas e malabaristas
Quando o órgão utiliza justificativas absurdas, incoerentes ou tecnicamente infundadas para negar acesso à informação
- Prefeitura de São Sebastião (SP) (duas indicações), vencedora com 27,4% dos votos
- Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso
- Polícia Militar de Minas Gerais
- Gabinete de Segurança Institucional do Rio de Janeiro
- Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras de São Paulo (SP)
- Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de São Paulo (SP)
- Prefeitura Municipal de Osasco (SP)
- Universidade Federal de Pelotas (RS)
- Secretaria de Governo de Ribeirão Preto (SP)
- Câmara Municipal de São Paulo (SP)
- Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Menção honrosa
Para casos que, embora não se encaixem nas categorias principais, destacam-se negativamente por práticas que enfraquecem o controle social e comprometem a promoção da cultura de transparência no uso da Lei de Acesso à Informação.
- Governo do Estado de Rondônia, vencedor com 51,2% dos votos
- Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI)
Acesse aqui a planilha com informações sobre as indicações.
O Prêmio Cadeado de Chumbo é um lembrete de que a transparência não deve ser vista como uma concessão, mas como um direito garantido por lei. Em um país onde a opacidade ainda é frequente, reconhecer — e criticar — essas práticas é uma forma de fortalecer a democracia.
Originalmente publicado pelo Fórum de Direito de Acesso



